Não esperes nada de ninguém
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           Não esperes nada de ninguém, nem mesmo dos teus mais íntimos.
            Anula a idéia de que as pessoas têm algum dever contigo.
            Aprende a cumprir a parte que te compete, o melhor que puderes, mas não exijas o mesmo de ninguém, ainda que sintas que te é devido.
            Cada um responde por si.
            Lembra-te de que ninguém te deve nada, nem teus familiares mais chegados. Tudo que fizeste, fazes ou farás por eles é a parte que te compete fazer. Se exageraste, se deste demais e além de tuas forças, a culpa é tua.
Compreende.
            Não sejas  sentimental, pensando que tens obrigação de te desvelares em excesso ou fazer coisas supérfluas, alimentar caprichos tolos, com o fito de captar-lhes afeto e gratidão. Isto é um grave erro.
            Devemos ser bondosos, tolerantes, pacientes, não só com os nossos íntimos, mas com todos que se aproximam de nós.
            Muitas vezes não recebemos o que desejaríamos receber em afeição e consideração porque nos excedemos em carinho,  exageramos em cuidados; e aqueles a quem os dispensamos, quase sempre nos desprezam, por achar-nos  fracos de caráter, vulgares e sem personalidade.
         Os que de ti receberam demasiado carinho, que foram superprotegidos, tornam-se egoístas, indiferentes, julgam que o mundo deve prostrar-se a seus pés e que todos lhe devem deferências especiais. Como isto não acontece, poderão voltar-se contra os que não lhes prepararam o caráter para enfrentar a vida de relação com seus semelhantes, a fim de viverem em harmonia e conquistar no mundo o seu lugar verdadeiro.
            Procuremos viver sem sair do caminho do meio, e saibamos que não sentiremos falta de retribuição por nada que fizermos, sabendo que apenas cumprimos nosso dever.
            Ninguém nos deve nada.
            Não esperemos nada de ninguém, senão da nossa própria consciência pelo dever cumprido.
            O excesso, a mais ou a menos, é sempre prejudicial.
                            “A virtude exagerada é  vício”.
            Disse Santo Antônio: “a virtude está no meio termo”.
(De “Vem!…”, de Cenyra Pinto).
                                                                   

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