AFASTADOS
Passava pelas proximidades de um belo riacho quando resolvi aproximar-me
para refrescar, tão forte era o calor que fazia naquela época do ano
nessa região. Enquanto sentia a água refrescar a garganta observei um pequeno peixe que se debatia na areia.
Não sabia quantos dias estava ali “encalhado” próximo à água que sentia saciar a minha sede.
Observando aquele peixe, pensei que aquilo que o fazia sofrer não era a areia – ainda que estivesse muito quente.
O que o fazia sofrer, de fato, era a proximidade da água. Sua salvação
estava tão próxima, mas mesmo assim ele sofria.
Talvez seja por isso que aquilo que faz um prisioneiro sofrer não seja
a cela carcerária, mas sim a proximidade do espaço livre.
Sofremos porque estamos muito perto daquilo que nos traria alívio.
Uma dor que se apresenta ao contemplarmos o que poderíamos ser tão somente se déssemos um passo a mais. A proximidade daquilo que não temos, mas gostaríamos de ter enche-nos de angústia e de dor.
Às vezes estamos tão próximos do desejado… mas ainda não atingimos o ponto ideal.
Contemplar de longe não é a mesma coisa que conquistar, chegar e viver no lugar que contemplávamos.
Admirar a distância é prova irremediável de que estamos “encalhados” num imenso leito de areia.
Suspiros de lamentação nos invadem, impedindo-nos de caminhar.
De que adianta um peixe ter diante dos olhos toda a água do oceano se ele está “encalhado” na areia?
Assim é a nossa vida.
Vivemos aos suspiros, lamentando o passo que não foi dado enquanto a água permanece bem ali à nossa frente.
Erramos ao viver suspirando. Acertamos quando, após o último suspiro, resolvemos caminhar em direção à vitória.
Em direção à libertação!
– Luiz Alexandre Solano Rossi –