LEMBRANDO S. FRANCISCO
Que pena eu sinto de quem atravanca e atropela de tal modo a vida que nunca descobre tempo de parar diante de uma árvore, ou de assistir a uma aurora ou a um pôr-do-sol!
Faz falta! Não dispõe de tempo para contemplar o voo das aves e para escutar o canto dos passarinhos.
O pior é que a criatura humana, chamada pelo Criador a participar de sua inteligência divina e de seu poder criador, destrói a natureza, ao invés de conviver com ela… Haja vista a poluição das águas, da terra, do ar…
A poluição das águas mata os rios e as lagoas, mata os peixes e os pescadores, que ficam sem comida, sem o ganha-pão para a família.
S. Francisco, como imitador extraordinário de Cristo deu exemplo de um profundo amor pela pobreza. Mas ele jamais chamaria a miséria de irmã. A miséria desestabiliza filhos e filhas de Deus, e é um insulto ao Criador e Pai.
Um dos grandes pecados sociais dos nossos tempos consiste na aberração de morrerem, todo ano, de fome, no mundo, milhões de criaturas humanas.
E isto se passa quando o progresso tecnológico e o avanço eletrônico fornecem ao homem de hoje possibilidade plena de eliminar a miséria na Terra.
Ao invés disso, a corrida armamentista fornece ao homem de hoje mais de 40 vezes o necessário para suprimir a vida em nosso planeta.
Mesmo que não rebente uma guerra nuclear, química e biológica, os gastos com os armamentos modernos são tão astronômicos que tornam impossível uma superação efetiva da miséria.
Os franciscanos, dentro do mais puro espírito de S. Francisco, costumam saudar-se exclamando: “Paz e bem”.
A Igreja vem insistindo em lembrar que uma paz verdadeira e duradoura será impossível sem justiça e amor. Quem sabe, a saudação franciscana ficaria mais completa, se disséssemos: Justiça, amor e paz!
Do livro UM OLHAR SOBRE A CIDADE, de D. Helder Câmara-3ª edição/2009-PAULUS
Os ignorantes gritam, os inteligentes falam e os sábios calam./Autor não-identificado