Mãos
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Há mãos que sustentam e mãos que abalam;
mãos que limitam e mãos que ampliam;
mãos que denunciam e mãos que escondem os denunciados;
mãos que se abrem e mãos que se fecham;
mãos que afagam e mãos que rasgam;
mãos que ferem e mãos que cuidam das feridas;
mãos que destroem e mãos que edificam;
mãos que batem e mãos que recebem as pancadas por outros.
Há mãos que escrevem para promover
e há mãos que escrevem para ferir;
há mãos que pesam e mãos que aliviam;
mãos que operam e curam e mãos que geram amargura;
há mãos que se apertam por amizade
e mãos que se empurram por ódio;
mãos furtivas que traficam destruição
e mãos amigas que desviam da ruína;
mãos finas que provocam dor
e mãos rudes que espalham amor.
Há mãos que se levantam pela verdade
e mãos que encarnam a falsidade;
mãos que oram e mãos que “devoram”:
são as mãos de Caim que matam;
mãos de Jacó que enganam;
mãos de Judas que entregam e traem.
Mas há também as mãos de Simão que carregam a cruz
e as mãos de Verônica que enxugam o rosto de Jesus.
Onde está a diferença? Não está nas mãos, mas no coração.
É a mente transformada que dirige a mão santificada, dedicada.
É a mente agradecida que transforma as mãos em instrumento de graça:
mãos que se levantam para abençoar;
mãos que baixam para levantar o caído.
E mãos que se estendem para amparar o cansado!
São como as mãos de Deus que criam,
que guiam, que salvam, que nunca faltam.
Há mãos e… mãos!
As tuas, quais são? De quem são? Pra que são?
(Isaac Alberto Rodrigues Aço)