A arte da roda ao chip
Por: Antonio Pereira (Apon)

Segundo a mitologia, Prometeu roubou dos Deuses o fogo sagrado da inteligência e deu-o aos homens. Esse fogo fez brilhar na alma humana, o sol mágico da arte. O “artista” que da pedra tosca tirou a 1a roda, não sabia que ali se inaugurava uma das maiores revoluções da humanidade; esse mesmo “artista” lançando mão dos elementos da natureza, registra nas paredes das cavernas, as primeiras cenas da dramaturgia humana no grande palco da terra. A arte; que conheceu as trevas do medievo e as cadeias da intolerância, emerge nas luzes da renascença, mostrando ao mundo toda a beleza que o ser humano pode criar. A arte, como um espelho da inquietude humana, faz-se metamorfose ante a metamorfose da História, e num desfile de estilos e técnicas, desembarca no século XX; mostrando que a humanidade que faz as guerras, a escravidão, o egoísmo, a fome, o assassínio da natureza… é a mesma humanidade que: Nos passos de um balet revela toda a leveza do ser, na tela vazia imprime a poesia da imagem, tocando um instrumento desarma o espírito, vestindo as asas da música, nas telas do cinema e nos palcos do teatro, retrata suas misérias e suas virtudes. A arte desconhece fronteiras, línguas, raças ou classes sociais; ela é plural, universal, plena; ela transcende ao tempo que mata o homem mas eterniza sua obra; ela não recua nem mesmo diante da evolução tecnológica, é ela que dá um toque humano à frieza das máquinas, máquinas que sem o fogo da arte, que iluminou o homem da roda tosca ao chip mais poderoso, certamente inexistiriam, como inexistiria o próprio homem que teria sido abortado por sua incapacidade de criar.

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