CRIAR, NÃO DESTRUIR
Em nossos tempos de tanta poluição e em que a Natureza é tão pisada,
tão aviltada, tão roubada, cabe, de cheio, esta pequena meditação:
Homem, meu irmão!
O Senhor Deus
nos fez participar
de sua inteligência divina
e de seu poder criador…
Ele teve a humildade e a audácia
de encarregar-nos
de dominar a Natureza
e completar a Criação.
Será, então,
que temos o direito
de poluir a Natureza
e de destruí-la
desperdiçando matérias-primas
não raro
não renováveis?
Homem, meu irmão,
é urgente
aprendermos com o Senhor Deus
a criar, e não a destruir…
A destruição
não é digna do Criador
e é absurda
no co-criador!
Quem já viu caldas venenosas jogadas no rio, a ponto de as águas se
tornarem envenenadas e saírem matando peixes grandes e pequenos e tudo
o que é vida que se move na correnteza? Os pescadores se enchem de
tristeza e de revolta.
O pescador acha que pescar o peixe e transformá-lo em alimento está na
linha do que Deus previu para o peixe… O peixe aceita e até se
alegra de gastar sua vida sendo útil.
Peixe morto envenenado, boiando sem poder servir de alimento, corta o
coração do pescador…
E assim como há poluição das águas matando peixes, há poluição ou ar
matando pássaros e há o desflorestamento, e a destruição da camada de
terra que responde pela fecundidade do solo.
Tudo o que fere a natureza e a envenena, e a esteriliza, é insulto ao Criador
e desonra o co criador.
Mas é também ferir a Natureza despojá-la abusivamente de suas matérias-primas,
sobretudo quando não são renováveis.
Para quem tem olhos de ver, matérias-primas nossas – como o minério de ferro,
o ouro, o urânio – dão a impressão de sangria."
D. Helder Câmara
Do livro UM OLHAR SOBRE A CIDADE, 3ª edição/2009-PAULUS