MESTRE DE SI MESMO
 
- Por Frank -
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Encontrei o Equilíbrio quando trilhava o Caminho do Meio. 
 
Ele era um sujeito tranqüilo, sorridente, com os olhos brilhantes e 
andava com tanta confiança, que fiquei desconfiado; seria esse 
sujeito alguém real em que eu poderia me tornar?
 
Já havia trilhado outros caminhos e estava meio decepcionado.
 
Certa vez, trilhei o Caminho da Negação e encontrei o Cético. 
 
Convincente e seguro, ele me ensinou o poder do questionamento e como 
as pessoas acreditam em qualquer coisa, transformando-as em verdade 
absoluta, como certas lendas e contos populares que são passados, de 
geração para geração. 
 
Achei que ele tinha razão, mas aí deixei esse caminho, quando percebi 
que o Cético duvidava de tudo, menos do seu próprio ceticismo.
 
Outra vez, trilhei o Caminho do Exagero e encontrei o Fanático. 
 
Ele aparentava estar em felicidade plena, mas falava de Deus com um 
estranho brilho no olhar, que me dava medo. Dizia que Deus estava em 
tudo e que só o que precisávamos era do amor, o que me deixou mais 
confiante; mas, quando ele tentou me convencer a ser seu discípulo, 
para que eu tivesse acesso às grandes verdades do universo e me 
tornasse um escolhido a embarcar na caravana do próximo Messias, caí 
fora do barco o mais rápido que pude e voltei à minha busca.
 
Desiludido, pensei em desistir de procurar, até que encontrei o 
Equilíbrio e, por ele ser tão simples e, até certo ponto, familiar, 
desconfiei que não fosse real. 
 
Eu estava enganado. Satisfeito, perguntei se poderia caminhar com ele.
 
- Claro! - ele respondeu - Mas você está disposto a caminhar com suas 
próprias pernas e a pagar o preço?
 
- Preço?
 
- Isso mesmo. O preço de enxergar e compreender que estamos 
manifestados como seres humanos e, como tais, devemos aceitar as 
nossas limitações. Precisamos aprender a questionar certas coisas e 
aceitar outras, como parecem ser, mesmo que elas não possuam nenhuma 
lógica aparente.  
 
A mente humana é limitada e, por mais que se consiga efetuar cálculos 
avançados, quando o assunto é o coração ou a espiritualidade, mal 
sabemos a tabuada. E, ainda assim, quando aprendemos a somar um pouco 
e descobrimos que um mais um é igual ao infinito, esse resultado não 
é a verdade absoluta do universo coletivo; pelo contrário, essa soma 
nada mais é do que a SUA versão da verdade. 
 
Por isso é perigoso evangelizar o mundo com as nossas experiências, 
pois, cedo ou tarde, descobrimos que, por mais que passemos toda a 
vida tentando ser mestre dos outros, só conseguiremos, se tivermos 
sucesso, ser mestres de nós mesmos.
 
 
 
São Paulo, 09 de maio de 2008.

 

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